quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Prática de esportes – Alterações muito além dos músculos e percentual de gordura…


 

A prática de esportes interfere mais em nosso corpo do que podemos imaginar. As mudanças causadas pela atividade física no corpo dos atletas vão muito além dos músculos e do baixo percentual de gordura. O coração, por exemplo, sofre alterações para se adaptar aos exercícios.

Primeiro, entenda seu coração!

O coração é um órgão complexo, com duas bombas que "trabalham" no mesmo ritmo. Funciona como uma bomba inteligente: sua vazão é ajustável às necessidades do organismo.

O lado direito bombeia sangue venoso para os pulmões, onde ocorre a eliminação do gás carbônico e a absorção do oxigênio pelos glóbulos vermelhos. Já o lado esquerdo bombeia o sangue renovado para o restante do corpo, fornecendo oxigênio e outros nutrientes vitais para tecidos e órgãos.

Atletas de modalidades esportivas aeróbicas, como nadadores, corredores de longa distância, ciclistas, remadores e praticantes de triatlo, tendem a apresentar freqüência cardíaca de repouso mais baixa que a de indivíduos sedentários.

Em pesquisas realizadas já foram encontrados maratonistas de elite com frequência cardíaca de cerca de 30 batimentos por minuto em repouso!

Comprovação

Um estudo realizado por médicos alemães e americanos, publicada na revista científica "Radiology", mediu com precisão, por meio de ressonância magnética, o coração de 26 triatletas e mais 26 homens sadios.

As conclusões apontam que o que antes era visto como doença, hoje, os especialistas entendem que são adaptações fisiológicas do corpo aos exercícios físicos.

Resultados

Entre os triatletas, os ventrículos direito e esquerdo estavam 30% maiores se comparados com o outro grupo. A espessura das paredes do coração também aumentou. No ventrículo esquerdo, a parede ficou 15% mais grossa entre os atletas. O volume de sangue bombeado subiu quase 30%.

Bomba inteligente

Como as mudanças foram simétricas, os especialistas as consideraram como adaptações do corpo aos treinamentos. No triatlo, por exemplo, os treinos exigem força e resistência, o que dá um maior impulso às transformações no corpo.

O volume maior dos ventrículos e a espessura de suas paredes permite que o coração bombeie mais sangue a cada batida. Assim, o oxigênio chega de forma mais eficiente às pernas e aos braços.

Além disso, com o maior volume de sangue a cada batida, a frequência cardíaca em repouso cai até pela metade, informa Turíbio Leite de Barros, coordenador do Centro de Medicina da Atividade Física e do Esporte da Unifesp. "Os batimentos de alguém que não é atleta e tem um coração normal vão a 70 por minuto. Atletas chegam a ter só 35″, explica.

Além do coração…

As modificações não param por aí: pernas e braços ganham mais vasos. O corpo produz mais óxido nítrico, substância vasodilatadora. Ou seja, as passagens para o sangue aumentam e ficam mais abertas.

Para receber mais oxigênio, as células dos músculos ficam com mais mitocôndrias, as estruturas que produzem energia.

O coordenador do Centro de Medicina da Atividade Física e do Esporte da Unifesp informa que essas alterações microscópicas são as primeiras a surgir quando a pessoa entra em uma rotina intensa de exercícios. No entanto, se o atleta parar de se exercitar, elas regridem em dias.

Já as mudanças no coração levam anos e demoram mais para sumir.

O médico da Unifesp ressalta ainda que o fato de as mudanças não serem permanentes ajuda a diferenciar as adaptações no órgão causadas pelo exercício ou por doenças, como a insuficiência cardíaca, uma das principais causas de morte súbita.

* Com informações da revista Ciência Hoje e Folha SP

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