Alterações na glândula tireoide, colesterol nas alturas e até problemas de
fígado podem levar ao aparecimento de sinais característicos em nosso corpo.
Observá-lo com cuidado, regularmente, é a chave para barrar a progressão de
muitas doenças
1. Pescoço e axilas
- Sintomas críticos: alteração de coloração nas dobras das axilas,
acompanhada de escurecimento da parte posterior do pescoço. "O quadro é de
dermatose nigricante, fácil de ser reconhecido pelo médico", diz a dermatologista
Karin Ventura Ferreira.
- O que eles indicam: segundo a endocrinologista Maria Angela Zaccarelli
Marino, professora da Faculdade de Medicina do ABC, quem apresenta esses sinais
tem maior propensão a desenvolver diabetes do tipo 2 e poderá ser aconselhado a
fazer um acompanhamento das taxas de glicose no sangue. "Não sabemos
exatamente qual é o mecanismo que provoca a alteração, mas diversos estudos
mostram que o sintoma é característico da resistência do organismo à ação da
insulina", diz Maria Angela. Então, nesse caso, a consulta com um
endocrinologista está indicada.
- Quando fazer o autoexame: observe a região uma vez por mês, após o
banho.
Em grande parte dos casos, nosso corpo dá inúmeros avisos de
que está precisando de cuidados, quando algo não vai bem. O problema é que, na
correria entre um compromisso e outro, mal conseguimos observá-lo. E pior:
quando o fazemos, nosso olhar clínico normalmente está à procura de
imperfeições estéticas que nos desagradam e que parecem ter a função de um ímã,
puxando a nossa visão sempre naquela direção. Porém, uma vez bem informados
sobre alguns sintomas que são visíveis e que indicam anormalidades, pode até
ser que comecemos a ver aquela imagem refletida no espelho de maneira
diferente. Esse simples hábito ajudará a afastar preocupações que dizem
respeito a doenças comuns em nossa época ou poderá servir, ainda, para nos
alertar sobre a necessidade de marcar uma consulta de rotina. A boa notícia é
que o recurso do autoexame, muito eficiente para proteger a saúde, está
realmente ao seu alcance. E, para tirar proveito, você só vai precisar de um
bom espelho e de alguns minutinhos livres. Pronto para começar?
2.Unhas
- Sintomas críticos: alterações significativas na coloração das unhas, que
podem ficar arroxeadas, esbranquiçadas, amareladas, ou, ainda, o aparecimento
de linhas verticais ou horizontais com tons que se diferenciam da base devem
ser investigados por um dermatologista. Deformidades que deixam a ponta das
unhas voltadas para fora, em contorno convexo, unhas fracas, quebradiças e sem
brilho também merecem um exame minucioso.
- O que eles indicam: grande parte desses sintomas deve-se a
carências nutricionais. "Unhas quebradiças podem sinalizar anemia. As
esbranquiçadas indicam deficiências de vitamina A ou cálcio. Já a presença de
pontos avermelhados sugere falta de zinco ou selênio", adverte a
nutricionista Tereza Cristina de Senna, da Santa Casa de São Paulo. Manchas
arroxeadas podem estar relacionadas a traumas ou micoses.
O melanoma, um tipo de câncer de pele muito agressivo, também pode ser
diagnosticado a partir da coloração das unhas. "O aparecimento de uma
linha vertical enegrecida, marrom ou até azulada, pode estar ligado ao
problema", diz a dermatologista Karin Ferreira, da Universidade Federal de
São Paulo. Outros problemas sistêmicos acabam deixando reflexos na região.
"Unhas de efeito azulado e planificadas podem sinalizar distúrbios
cardíacos ou respiratórios", complementa Karin.
- Quando fazer o autoexame: todos os meses, olhando as unhas sem esmalte
ou base, de preferência, sob a luz natural.
3. Olhos
- Sintomas críticos: a região da conjuntiva ocular, aquela que normalmente
tem coloração branca, fica amarelada. Outro sinal preocupante é perceber a
mucosa conjuntival, a que fica escondida sob a pálpebra inferior, em tom róseo
em vez de um vermelho vivo.
- O que eles indicam: olhos amarelados podem estar relacionados a
importantes distúrbios hepáticos. "O sinal é bastante comum na presença de
hepatites virais. Outras doenças do fígado e das vias biliares também podem
estar provocando o sintoma", alerta a gastroenterologista Maria de Lourdes
Teixeira, do Hospital Beneficência Portuguesa (SP). Já a palidez nas mucosas
pode ter ligação com a deficiência de hemoglobina, quadro que caracteriza a
anemia. "Quando notamos também um inchaço nos olhos, podemos suspeitar de
algum problema renal. Aí, mandamos o paciente para um nefrologista ou para um
clinico geral", complementa o dermatologista Valcinir Bedin.
- Quando fazer o autoexame: todos os dias, ao lavar o rosto, pela
manhã. As mucosas podem ser observadas ao menos uma vez por mês.
4. Pálpebras, joelhos e cotovelos
- Sintomas críticos: o aparecimento de grânulos nessas regiões é o
suficiente para motivar uma visita ao médico. "Esses grânulos nada mais
são do que a deposição de gordura na pele. No autoexame, vemos nódulos de
coloração amarelada que podem ser pontos minúsculos ou ter diâmetro superior a
5 cm", explica o cardiologista Marcos Knobel.
- O que eles indicam: os xantelasmas (grânulos nas pálpebras) e os
xantomas (grânulos no cotovelo, joelhos e articulações) são depósitos de
gorduras e frequentemente estão relacionados a elevados níveis de lipídios no
sangue, mais conhecidos como colesterol e triglicérides. "Quando há um
elevado nível de gorduras no sangue, elas podem acabar se depositando nesses
locais. Os grânulos também podem ser sintomas de diabetes, alguns tipos de
câncer e problemas hepáticos, como a cirrose biliar primária", alerta.
- Quando fazer o autoexame: observe as pálpebras, joelhos e cotovelos
com muita atenção, pelo menos uma vez por mês.
5. Couro cabeludo
- Sintomas críticos: queda acentuada dos cabelos, fios desbotados,
sem vida e quebradiços. "É normal perder até 100 fios por dia, e essa
queda só é perceptível no momento em que lavamos ou penteamos os cabelos.
Porém, se acordamos e o travesseiro está cheio de cabelos, por exemplo, é
provável que esteja ocorrendo uma queda que chamamos patológica", explica
o dermatologista e tricologista Valcinir Bedin, presidente da Sociedade
Brasileira para Estudos do Cabelo.
- O que eles indicam: a queda e a perda de vitalidade dos cabelos podem
ter inúmeras razões. Agressões constantes aos fios, com químicas e tinturas,
deficiências de minerais e vitaminas e alterações hormonais são as causas mais
comuns. A queda de cabelo, mais especificamente, pode ser um sintoma importante
de hipotireoidismo, quando a produção do hormônio tireoidiano é insuficiente.
No entanto, o sintoma, isolado, não é suficiente para se fechar o diagnóstico. "De
qualquer forma, a consulta médica é imprescindível para se tirar a dúvida, ao
suspeitar de uma anormalidade", defende o endocrinologista Marcio Mancini,
do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
- Quando fazer o autoexame: todos os dias, ao pentear os cabelos.
Observe também o travesseiro, a cadeira onde permanece sentado e o banco do
carro, ao desconfiar de uma queda fora do comum.
6. Língua
- Sintomas críticos: presença de linhas brancas ou de uma substância
branca na superfície ou nas laterais, coloração amarelada, fissuras,
vermelhidão, inchaço e dor local podem ser indícios de problemas de saúde mais
sérios.
- O que eles indicam: Linhas ou substâncias brancas sobre os lados da
língua pode ser indício de acúmulo de fungos, conhecidos popularmente como
sapinhos. A língua também pode ficar amarelada se o paciente estiver com
icterícia. Inchaço, vermelhidão e fissuras sugerem carências de vitaminas do
complexo B ou de ferro.
- Quando fazer o autoexame: todos os dias, ao escovar os dentes.
"Sempre que alguma alteração for notada e persistir após a escovação da
língua, é interessante passar pela avaliação de um médico", afirma Maria
de Lourdes.
7. Barriga
- Sintomas críticos: o acúmulo de gordura abdominal pode representar
problemas ainda que o índice de massa corpórea (IMC) esteja em níveis
aceitáveis. Para saber se você corre riscos, use uma fita métrica para tirar a
medida da sua cintura e do seu quadril (posicionando-a na área de maior
protuberância dos glúteos). Então, divida a medida da circunferência da cintura
pela medida da circunferência do quadril (em centímetros). "O ideal é que
esse índice seja menor que 0,85 para mulheres e 0,90 para homens", afirma
o cardiologista Marcos Knobel, coordenador da Unidade Coronária do Hospital
Albert Einstein (SP).
- O que eles indicam: maior propensão a desenvolver problemas
cardiovasculares. "Um estudo bastante recente avaliou mais de 10.000
pacientes que apresentaram doença coronariana. A pesquisa provou que pacientes
que possuíam aumento das medidas da cintura tiveram uma incidência
significativamente maior de problemas de coração, quando comparados com os
pacientes que apresentavam medidas mais modestas", diz o especialista. No
entanto, o fato de estar com as medidas acima do limite recomendado não
significa, por si só, o risco iminente de um ataque cardíaco. "O
importante é que, ao notar essa alteração, o médico seja procurado. O
profissional vai pedir exames de sangue e de imagem capazes de indicar se
outros fatores de risco estão presentes para, então, verificar a necessidade de
um controle mais efetivo", afirma Knobel.
- Quando fazer o autoexame: a cada três meses tire a medida da
cintura, usando uma fita métrica.