quinta-feira, 15 de julho de 2010

Câncer de tireoide: entenda e saiba como lidar

Acontece em todas as idades e mais em mulheres, mas todos temos de estar atentos a ele.

Câncer de tireoide é o mais comum dos cânceres do sistema endócrino e ocorre em todas as faixas etárias, atingindo na sua maioria mulheres acima de 35 anos. Porém, pode ocorrer também em homens e mulheres entre 25 e 65 anos, sendo três vezes mais frequente nas mulheres, bem como as outras doenças referentes à glândula tireoide.

Trata-se de um tumor maligno de crescimento localizado dentro da glândula tireoide. Não é um tipo de câncer comum, mas é tratável e tem altos índices de cura, desde que detectado em seu início. Exames periódicos fazem parte do acompanhamento de rotina pelo resto da vida e são recomendados pelo médico – mesmo quando o tratamento é bem-sucedido – com a finalidade de pesquisar se houve recorrência, ou seja, reaparecimento da doença no pescoço ou em outras partes do corpo. Isso porque até 35% dos cânceres de tireoide podem voltar – e cerca de um terço dessas recorrências só surgirá com mais de 10 anos após o tratamento inicial.

A maioria dos cânceres tireoidianos manifesta-se como nódulos na tireoide, sendo que 90% dos casos encontrados na população adulta são benignos. O número de casos de câncer de tireoide diagnosticados aumentou em 10% na última década, mas o número de mortes relacionadas ao carcinoma tireoidiano diminuiu. Aproximadamente 85% dos pacientes diagnosticados e tratados em estágio inicial mantêm-se vivos e ativos.

A classificação dos cânceres de tireoide (ou tipo histológico) está descrita abaixo e há necessidade da avaliação de uma amostra de células (colhidas por punção aspirativa por agulha fina ou PAAF) ou parte do tecido tireoidiano (retirado pela cirurgia) para finalizar o diagnóstico:

- Carcinoma papilífero: é o tipo mais comum, presente em 65% a 85% de todos os casos. Pode aparecer em pacientes de qualquer idade, porém predomina entre os 30 e os 50 anos. Devido à longa expectativa de vida, estima-se que uma entre mil pessoas tem ou teve esse tipo de câncer. A taxa de cura é muito alta, chegando a se aproximar de 100%.

- Carcinoma folicular: tende a ocorrer em pacientes com mais de 40 anos, compreende de 10% a 15% dos casos de câncer de tireoide. É considerado mais agressivo do que o papilífero. Em dois terços dos casos, não tem tendência à disseminação. Um tipo de carcinoma folicular mais agressivo é o Hurthle, que atinge pessoas com mais de 60 anos.

- Carcinoma medular: afeta as células parafoliculares, responsáveis pela produção da calcitonina, hormônio que contribui na regulação do nível sanguíneo de cálcio. Esse tipo de câncer costuma se apresentar nas taxas de 5% a 10% e são de moderadamente a muito agressivos, sendo difícil o seu tratamento.

- Carcinoma anaplásico: é muito raro, porém é o tipo mais agressivo e tem o tratamento mais difícil entre todos os outros, sendo responsável por dois terços dos óbitos causados por câncer da tireoide.

A agressividade do tumor, resposta ao tratamento e a disseminação das metástases dependem de vários fatores, entre eles:

- Tipo histológico: em tumores mais diferenciados, ou seja, aqueles cujas células se parecem mais às células originais da tireoide, respondem melhor ao tratamento. Nos tumores indiferenciados ou naqueles em que as células tumorais perderam a arquitetura da célula original tireoidiana, são de difícil tratamento;

- Tamanho inicial: os tumores menores, na maioria das vezes, têm a menor chance de metastatizar;

- Idade do paciente vs. diagnóstico: os extremos das idades (idosos e crianças) apresentam tumores com maior potencial de risco.

A detecção e o tratamento precoces garantem o sucesso do tratamento no câncer de tireoide, além de ser necessária uma monitorização frequente para avaliar se há risco de recorrência. É muito importante que os pacientes realizem esse acompanhamento periódico e vitalício, conversem com seus médicos a respeito das dúvidas e preocupações que possam vir a ter e tenham cuidado ao buscar informações na internet, onde muitos sites passam informações inexatas e sem procedência confiável.

Quando nos deparamos com o diagnóstico de câncer, é realmente assustador. Conhecer sobre o assunto pode ajudar a superar temores. Se você ou alguém que você conhece teve diagnóstico de câncer de tireoide, saiba que as perspectivas de tratamento são excelentes. Na maioria dos casos, esses cânceres são totalmente retirados pela cirurgia (tireoidectomia) e controlados, posteriormente, por exames de sangue e de ultrassonografia solicitados pelo endocrinologista.

 
 

 
 

Dra. Gláucia Duarte possui Doutorado em Endocrinologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

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