quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Os afogamentos de verão

Todos os anos muitas pessoas perdem a vida nas águas tentando se divertirem. Eu estive alguns dias na praia e os noticiários anunciavam a grande quantidade de pessoas resgatadas pelos salva-vidas. No local onde estava pude ver vários salvamentos e alguns de grande risco onde até os salva-vidas precisaram de ajuda dos colegas para saírem da corrente marítima. O risco era tanto que os salva-vidas ficavam na água apitando quando uma pessoa se afastava muito e se aproximava da área de risco.


 

São muitas as razões para as pessoas se afogarem, no texto abaixo o escritor Moacyr Scliar credita as mortes e afogamentos à ingestão de álcool. Veja o que ele diz sobre esse preocupante assunto.

"Mato Grosso do Sul registra 60 mortes por afogamento este ano." "Aumentam mortes por afogamento em Londrina." "Cresceu o número de pessoas que morreram afogadas em rios, lagoas e cachoeiras em Minas." "Dezembro registra 21 mortes por afogamento em Curitiba e litoral ."


 

Essas manchetes, extraídas ao acaso do noticiário da internet, mostram a dramática importância do problema do afogamento no país. Notem que elas se referem só aos óbitos não evitados; muitos outros teriam ocorrido, não fosse a ação dos salva-vidas e das pessoas solidárias e corajosas. Em média, ocorrem 2 mil salvamentos no período de veraneio no litoral do RS. Mas isso poderia ser evitado com medidas simples e sensatas. E aí emerge uma recomendação: não entrar na água alcoolizado.


 

"O álcool me perturbou", diz uma letra de rock, gravado pelo grupo americano – olhem só a ironia do nome – Drowning Pool, Piscina que Afoga. O recado é mais que adequado no que se refere a piscinas, rios, lagoas, praias de mar. O abuso do álcool é responsável por mais da metade dos óbitos por afogamento ocorridos com adolescentes e adultos. Isso vale também para quem usa barcos ou ski aquático. A revisão da literatura médica em inglês mostra que de 30% a 70% das pessoas que se afogam estão alcoolizadas. O álcool pode aumentar em até 10 vezes o risco de morte por afogamento: perturba o raciocínio, torna as reações das pessoas mais lentas, induz o vômito (que, quando aspirado para o pulmão, é ultraperigoso).


 

Existe uma tradicional incompatibilidade entre álcool e água, como mostra a historinha do famoso bêbado que, com o fígado destruído, começou a ficar inchado. O médico disse que o organismo dele estava com excesso de água, ao que o homem protestou: nunca bebera esse líquido maldito. Depois, pensando melhor, admitiu:


 

– Deve ser a água do gelo da bebida.


 

Claro, ninguém vai se tornar abstêmio na praia. Mas é bom lembrar os riscos causados pelo excesso de bebida. "Se beber, não dirija", diz o sábio conselho. A ele se pode acrescentar outro similar: se beber, não se meta a nadador. Pode terminar mal.


 



 

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