sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Pessoas felizes e positivas têm menos ataques cardíacos

Redação do Diário da Saúde


 


 


 

 
 

Emoções positivas para o coração

Pesquisadores do Centro Médico da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, descobriram uma ligação direta entre as emoções e as doenças cardíacas.

O estudo, o primeiro a demonstrar uma relação direta entre as emoções positivas e as doenças coronarianas, foi publicado na revista da Sociedade Europeia de Cardiologia.

Efeito positivo

"Ser feliz faz bem para o seu coração," afirma Karina Davidson, que coordenou a pesquisa, um estudo observacional sobre uma amostra da população que passou por eventos cardíacos de diversos tipos.

O estudo sugere que pode ser possível ajudar as pessoas a evitar as doenças cardíacas melhorando suas emoções positivas.

Ao longo de um período de 10 anos, Davidson e seus colegas acompanharam 1.739 adultos saudáveis (862 homens e 877 mulheres). No início do estudo, enfermeiras treinadas avaliaram o risco de doenças cardíacas de cada um dos participantes e o grau de expressão de emoções positivas, que é conhecido como um "efeito positivo."

Emoções agradáveis

O efeito positivo foi definido como a experimentação de emoções agradáveis, como alegria, felicidade, entusiasmo e contentamento. Esses sentimentos são normalmente estáveis e característicos da personalidade, sobretudo entre os adultos.

Depois de levar em conta idade, sexo, fatores de risco cardiovasculares e emoções negativas, os pesquisadores descobriram que, ao longo do período de 10 anos, um maior efeito positivo esteve associado com um risco de doenças 22% menor por ponto - em uma escala de cinco pontos que mede os níveis de expressão do efeito positivo, variando de "nenhum" para "extremo".

"Nós também descobrimos que se alguém, que era normalmente positivo, apresentou algum sintoma depressivo no período da pesquisa, isto não afetou o menor risco em geral da doença cardíaca," diz Davidson.

Como as emoções afetam o coração

Os pesquisadores especulam sobre os possíveis mecanismos pelos quais as emoções positivas podem oferecer uma proteção de longo prazo contra as doenças do coração.

Entre as possibilidades, eles listam a influência das emoções positivas sobre a variabilidade da frequência cardíaca, sobre os padrões de sono e sobre o abandono do cigarro.

"Nós temos diversas explicações possíveis," diz a Dra. Davidson. "Primeiro, as pessoas com o efeito positivo podem ter períodos maiores de relaxamento fisiológico. Segundo, eles podem se recuperar mais rapidamente de eventos estressantes, não gastando muito tempo revivendo-os, o que pode causar danos fisiológicos."

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Gestantes não recebem informações sobre riscos de medicamentos

Júlio Bernardes - Agência USP

 
 
 

Riscos para o bebê

Pesquisa da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP revela que 60% das gestantes que utilizam medicamentos durante a gravidez não recebem informações sobre possíveis riscos da medicação para a saúde do feto.

O estudo, realizado com 699 mulheres com mais de 30 semanas de gestação no interior de São Paulo, ressalta a necessidade de orientação adequada sobre medicamentos muito utilizados, como os receitados para cólicas, mas que não possuem estudos aprofundados sobre seus efeitos.

Medicamentos não são testados em gestantes

"Durante a gestação, os medicamentos ingeridos pela mãe podem atravessar a placenta e provocar efeitos teratogênicos, como defeitos na formação do feto", afirma a farmacêutica Andrea Fontoura, que realizou a pesquisa.

"Todo medicamento é lançado após exaustivos testes clínicos com seres humanos, mas como eles não podem ser realizados em gestantes, seus efeitos deletérios são conhecidos apenas quando já estão no mercado," explica ela.

Remédios mais arriscados para gestantes

Das gestantes entrevistadas, 98% apontaram que usavam pelo menos um tipo de princípio ativo, com um número médio de sete princípios ativos por gestante - uma das mulheres revelou que usava 34 medicações diferentes.

O trabalho utilizou a classificação da Food and Drug Administration (FDA), órgão regulador de medicamentos nos Estados Unidos, que divide os princípios ativos em cinco grupos. Os medicamentos mais utilizados pelas gestantes estão nas categorias A e B, com 20,55% e 25,20%, respectivamente. "Os estudos existentes demonstram que esses grupos de medicamentos não tiveram efeitos teratogênicos sobre os fetos", afirma Andrea.

A farmacêutica alerta para os riscos da utilização dos princípios ativos da categoria C, verificada em 14,07% das mulheres pesquisadas, e que inclui a escopolamina, receitada em casos de dor e cólicas. "Essa categoria inclui medicamentos que apresentaram efeitos adversos no feto em pesquisas sobre reprodução animal", ressalta. "Entretanto, em seres humanos, não existem estudos adequados ou os resultados não foram divulgados".

Medicamentos de alto risco

Embora 86,4% das gestantes utilizem medicamentos com prescrição médica, 60% não receberam nenhuma orientação sobre a medicação utilizada. De acordo com a pesquisadora, essa disparidade acontece porque em muitos casos os medicamentos são apenas entregues pelo farmacêutico com a apresentação da receita. "Na verdade, a medicação deveria ser dispensada, ou seja, no ato da entrega serem fornecidas todas as informações necessárias para o usuário", explica.

Apenas uma das gestantes pesquisadas usava medicamentos da categoria X, que apresenta maiores riscos ao feto, uma mulher que tomava anticoncepcional e soube da gestação apenas no quinto mês de gravidez. "Além dos contraceptivos, o grupo também inclui medicamentos como a isotretinoína, utilizada para tratamento de acne severa, e a vitamina A em doses elevadas", diz a farmacêutica. "A Política Nacional de Humanização do Pré-Natal e Nascimento, adotada pelo Ministério da Saúde, prevê a captação precoce das gestantes, que devem passar pela primeira consulta do pré-natal antes de completarem 120 dias de gravidez."

Consciência dos riscos para a gestação

Andrea recomenda a presença de farmacêuticos nas equipes de saúde que cuidam das gestantes durante o pré-natal. "Elas não devem utilizar medicamentos sem receberem informações adequadas sobre os possíveis efeitos negativos dos princípios ativos", conta.

A farmacêutica também aponta que a realização de estudos farmacoepidemiológicos sobre a utilização de medicamentos ajuda a promover seu uso de forma mais racional. "De posse dessas informações, é possível deixar de prescrever medicação apenas por prescrever, sem consciência dos riscos para a gestação".

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Uso compulsivo da Internet está associado com depressão

Agência Fapesp

  • O que vem primeiro? As pessoas depressivas são atraídas pela internet ou é o uso da rede que causa depressão? [Imagem: Ag.Fapesp]

     

    Internet demais faz mal

    Pessoas que passam muito tempo navegando pela internet têm maior risco de apresentar sintomas depressivos, de acordo com uma pesquisa feita no Reino Unido por cientistas da Universidade de Leeds.

    O estudo, que será publicado na edição de 10 de fevereiro da revista Psychopathology, procurou analisar o fenômeno de usuários que têm desenvolvido o uso compulsivo da internet, substituindo a interação social no mundo real pelo virtual, em redes sociais, salas de bate-papo ou em outros serviços eletrônicos.

    Lado negro da internet

    Segundo os pesquisadores, os resultados do estudo apontam que esse tipo de dependência pode ter impactos sérios na saúde mental. "A internet ocupa hoje parte importante na vida moderna, mas seus benefícios são acompanhados por um lado negro", disse Catriona Morrison, um dos autores do estudo.

    "Enquanto a maioria usa a rede mundial para se informar, pagar contas, fazer compras e trocar e-mails, há uma pequena parcela dos usuários que acha difícil controlar o tempo gasto on-line. Isso ao ponto em que tal hábito passa a interferir em suas atividades diárias", apontou a cientista.

    O que vem primeiro, a internet ou a depressão?

    Os "viciados em internet" passam, proporcionalmente em relação à maioria dos usuários, mais tempo em comunidades virtuais e em sites pornográficos e de jogos. Os pesquisadores verificaram que esse grupo tem incidência maior de depressão de moderada a grave.

    "Nossa pesquisa indica que o uso excessivo da internet está associado com depressão, mas o que não sabemos é o que vem primeiro. As pessoas depressivas são atraídas pela internet ou é o uso da rede que causa depressão?", questionou Catriona.

    "Está claro que para uma pequena parte dos usuários o uso excessivo da internet é um sinal de perigo para tendências depressivas. Precisamos considerar as diversas implicações dessa relação e estabelecer claramente os efeitos desse uso na saúde mental", disse a pesquisadora.

    Viciados em internet

    A pesquisa examinou 1.319 pessoas com idades entre 16 e 61 anos. Do total, 1,2% foi considerado como "viciado em internet". Apesar de ser uma pequena parte do total, segundo os pesquisadores o número de internautas nessa categoria tem crescido.

    Incidentes como a onda de suicídios entre adolescentes ocorrida na cidade de Bridgend, no País de Gales, em 2008, têm levado a questionamentos a respeito da influência das redes sociais em indivíduos vulneráveis à depressão.

    No estudo, os pesquisadores observaram que o grupo dos "viciados em internet" era formado principalmente por usuários mais jovens, com média de idade de 21 anos.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Dieta e exercício físico reduzem igualmente os riscos cardiovasculares.

 
 

Sem efeito cumulativo

Para se proteger das doenças cardiovasculares, o que é melhor: exercício físico ou dieta?

Tanto faz. A conclusão é de um estudo feito em modelos animais nas faculdades de Medicina e Educação Física, ambas da Universidade de São Paulo (USP).

E mais: o trabalho indicou que a associação das duas abordagens não medicamentosas não resulta em benefício adicional na função cardíaca.

Ou seja, segundo o estudo, escolha a dieta ou o exercício e você ficará bem - mas não adianta fazer os dois, porque os ganhos não são cumulativos.


 

Obesidade crônica

A explicação dos pesquisadores para isso é que cada uma das intervenções isoladamente já é suficiente para evitar que a obesidade crônica provoque a disfunção cardíaca.

De acordo com Carlos Eduardo Negrão, do Instituto do Coração (InCor), as alterações cardíacas decorrentes da obesidade podem ser evitadas "se a restrição alimentar ou o exercício físico forem utilizados como conduta não medicamentosa para interromper o processo de obesidade crônica", disse.


 

Mecanismos moleculares

Além de avaliar os efeitos do treinamento físico e da restrição alimentar na função cardíaca, um dos objetivos do estudo foi tentar esclarecer o papel dessas intervenções nos mecanismos moleculares envolvidos nas alterações cardíacas causadas pela obesidade.

"O estudo acrescenta conhecimentos importantes sobre o papel do exercício e da restrição calórica nos mecanismos moleculares associados à função cardíaca na obesidade", disse Negrão.


 

O experimento

Na pesquisa, ratos wistar machos foram alimentados com dieta normocalórica (quantidade normal de calorias) ou hipercalórica (rica em gordura e açúcar) durante 25 semanas. Após esse período, os animais alimentados com a dieta hipercalórica foram subdivididos em quatro grupos e acompanhados por mais dez semanas.

No primeiro grupo, os ratos continuaram recebendo a dieta hipercalórica e foram mantidos sem treinamento físico. No segundo, continuaram com dieta hipercalórica e foram treinados. No terceiro, deixaram de receber essa dieta para serem submetidos à restrição alimentar (menos 20% da ingestão diária). No quarto grupo, os ratos foram submetidos ao treinamento físico e à restrição alimentar.

"Após a vigésima quinta semana, os animais submetidos à dieta hipercalórica não apresentavam alterações na função cardíaca, embora já apresentassem substancial ganho de peso", explicou Ellena.

"Após mais dez semanas de alimentação rica em gordura e mais ganho de peso corporal, eles apresentaram alteração na força de contração do coração e nas proteínas moleculares envolvidas nessa função. Isso foi evitado nos animais submetidos ao exercício físico ou à restrição alimentar", contou.


 

Metabolismo das gorduras

Outro resultado importante sobre o papel do exercício e da restrição alimentar alcançado no trabalho está relacionado ao metabolismo de lípides. "A restrição alimentar em associação com o exercício físico diminuiu significativamente a esteatose e a hipertrigliciridemia em animais obesos", disse Ellena.

Mas se por um lado a associação da restrição alimentar e do exercício físico não mostrou efeito cumulativo nos parâmetros cardíacos, por outro lado essas duas intervenções associadas diminuíram a quantidade de gordura estocada no fígado de animais obesos (esteatose hepática) e, também, os níveis de triglicérides plasmático.

"Embora a restrição alimentar isoladamente diminua a quantidade de gordura acumulada no fígado, ela aumentou a concentração de triglicérides plasmático, o que sugere um aumento na resistência hepática à insulina. Esses são achados importantes. Sabe-se que a esteatose, triglicérides aumentados e a resistência à insulina elevam o risco de doença cardiovascular", destacou Ellena.

Segundo a pesquisadora, o trabalho permite concluir que a restrição calórica e a prática de exercício devem ser recomendadas para a prevenção de alterações cardíacas e metabólicas causadas pela obesidade.

 
 

Os textos aqui apresentados são apenas de caráter informativo e não substituem, em hipótese alguma, as orientações do seu médico ou um especialista nessa área.